Política nunca foi meu tema
principal, e portanto, seria temerário caminhar por estas tortuosas trilhas.
Melhor deixar para aqueles que sabem fazer uma análise mais ampla, profunda e
apropriada para a ocasião. Não me cabe dizer se Lula é inocente ou culpado,
isto é a lei que determina, mas acho interessante analisar o problema da
justiça em si.
A ausência de justiça é o maior
problema de uma civilização. Com muita sabedoria Salomão falou deste tema três
mil anos atrás: “Quando o justo governa, o povo se alegra, mas quando
o ímpio domina, o povo geme” (Pv 29.2). Poderes são facilmente
corrompidos, pela influência e fascínio que ele exerce. Portanto, quando o
Executivo e o Legislativo são corruptos, mas o Judiciário se mantém íntegro, é
possível recuperar tudo, mas quando este poder se presta a interesses de grupos
econômicos ou pessoais, tal nação está falida.
A aplicação da justiça não tem efeito
apenas no transgressor, mas modela e aponta a direção. A impunidade de hoje
torna-se encorajadora para os injustos; a correta punição, por outro lado, é
uma ameaça e desestímulo àqueles que se julgam acima da lei. Líderes sem
caráter em nosso país, surtaram há muito tempo contando sempre com a
benevolência do sistema, e com a força de bons advogados e juristas. O
julgamento de Lula aponta a direção da nação. É preciso caminhar nesta luta, e
não parar na esfera federal, há muito ainda a ser feito nas instâncias menores.
Se a justiça prevalecer, uma nova nação poderá ser construída, caso contrário,
o povo vai continuar gemente sendo dominada pelo ímpio.
Uma nação
sob a égide da injustiça e desigualdade desemboca na anarquia. Na Antiga lei
mosaica lemos: “Juízes e oficiais constituirás em todas as cidades que o
Senhor, teu Deus, te der entre as tuas tribos, para que julguem o povo com reto
juízo. Não torcerás a justiça, não farás acepção de pessoas, nem tomarás
suborno; porquanto o suborno cega os olhos dos sábios e subverte a causa dos
justos. A justiça seguirás, somente a justiça, para que vivas e possuas em
herança a terra que te dá o Senhor, teu Deus” (Dt 16.18-20). O
suborno traz graves problemas degenerativos, e subverte a ordem. Por isto,
Moisés foi tão enfático na aplicação da justiça. Uma nação alicerçada no
engano, dissimulação, mentira não tem base sólida para se sustentar.
Por isto o
julgamento de Lula se torna tão relevante. Ele é paradigmático, pedagógico e
didático. A tendência política é a polarização partidária, que não interessa em
nada no momento. Li uma sarcástica frase que dizia: “Neste momento, tentar
defender qualquer lado político, é o mesmo que defender a fidelidade num
bordel”. É preciso ir mais fundo. Há muita coisa a ser feita em todos os
poderes, segmentos e autarquias que precisam ser investigados para se crie uma
nova consciência de justiça e valor.
Autor: Samuel Vieira é pastor titular da Primeira Igreja
Presbiteriana de Anápolis desde 2005. Fonte: http://www.jornalcontexto.net/opiniao_autor_detalhe.php?id_autor=4
Nenhum comentário:
Postar um comentário