No dia 8 de
abril de 1994, um eletricista acidentalmente descobriu um cadáver em
Seattle, Washington. Ao chamar a polícia, descobriu que se tratava de Kurt
Cobain, a lenda do rock que cometera suicídio. Um tiro explodiu sua cabeça
tornando difícil a identificação. Suas tentativas anteriores com overdose não
foram bem sucedidas.
Ele era um
talentoso guitarrista da banda Nirvana, cujo álbumNevermind vendeu
10 milhões de cópias. Mangalwadi afirma que nenhuma banda capturou tão bem a
perda de rumo, de centro e de alma de sua geração quanto esta. O termo nevermind significa,
“não se preocupe!” e Nirvana é a palavra budista para salvação. Significa a
extinção permanente da existência de um indivíduo, a libertação da nossa alma
da miséria e vazio.
É
interessante perceber que antes da década de 1960, praticamente não havia suicídio
entre os adolescentes, mas em 1980, cerca de 400 mil adolescentes tentavam o
suicídio a cada ano, apenas nos EUA, tornando-se a segunda causa de morte entre
os adolescentes, perdendo apenas para o trânsito, e em 1990, tornou-se a
terceira causa, porque os adolescentes estavam matando uns aos outros assim
como se matavam.
A taxa de
suicídio, homicídio, abuso de drogas, alcoolismo, evasão escolar tem sido
marcante entre os jovens também no Brasil. Em 2017, cerca de 60 mil pessoas
foram assassinadas no Brasil, e 80% destas mortes se deram entre 15 e 27 anos.
O divórcio
de seus pais quando Cobain tinha apenas 9 anos de idade, teria sido o gatilho
para sua desestrutura psíquica. A instabilidade de sua família produziu uma
ferida tão grande na alma que não seria curada pela música, pela fama,
dinheiro, sexo, drogas e álcool, nem por terapias ou programas de
desintoxicação. Ele adotou o vazio filosófico e moral que a banda AC/DC,
chamaria de “estrada para o inferno”.
Os discos de
Cobain foram populares até 2008 e venderam mais que os de Elvis Presley. Em
2002, alguns anos após sua morte, sua viúva vendeu os rascunhos de seus diários
por 4 milhões de dólares. Neles estava escrito: “Gosto de Punk rock.
Gosto de drogas (mas meu corpo e minha mente não permitem usá-las). Gosto de
jogar cartas de modo errado. Gosto de sinceridade. Não tenho
sinceridade...Gosto de reclamar e de não fazer nada para que as coisas
melhorem”.
Ao se matar,
Cobain viveu conforme o que creu. Ele compreendeu que o nada, como realidade
última, faz do nada algo positivo.
O problema
da humanidade nunca foi ético, mas filosófico (prefiro o termo teológico,
porque se conecta à experiência de Deus e do Infinito). A ausência de uma
referência de sentido, esvazia a alma humana, jogando-a no caos. O livro de
Eclesiastes afirma, “Deus pôs a eternidade no coração do homem”. Este anseio
infinito pelo sentido e valor da alma que se distanciou do seu Criador, não
será preenchido por nada, senão o próprio Deus. Afinal, “o homem tem um vazio
em forma de Deus” (Pascal).
Autor: Samuel Vieira. Pastor na Primeira Igreja
Presbiteriana de Anápolis desde 2001
Fonte: revsamuca.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário