“Como nuvens e ventos que não trazem chuva, assim é
o homem que se gaba de dádivas que não fez”(Pv 25.14).
A gabolice é uma atitude mesquinha e reprovável. O
gabola é aquele indivíduo que tem necessidade de contar vantagem sobre si
mesmo. Está sempre enaltecendo suas próprias virtudes. Sempre contando suas
façanhas com o propósito de receber o aplauso dos homens. Sempre estadeando
suas dádivas generosas. Sempre exagerando em suas palavras, colocando-se num
lugar de honra que jamais mereceu. A gabolice, também, pode ser notada, quando
o indivíduo disfarça o seu complexo de inferioridade usando a máscara do complexo
de superioridade. Quem constantemente precisa se autoafirmar, contando
histórias onde ele sempre é o herói ou tem necessidade de contar seus feitos,
suas obras, seu desempenho e sua desenvoltura com o propósito de afagar seu
próprio ego, demonstra ser uma pessoa imatura.
O texto em epígrafe revela que o homem que se gaba
de dádivas que não fez é uma farsa, um embuste, uma nuvem falaz. Troveja e
relampeja suas obras caridosas sem as ter praticado. Suas palavras parecem
nuvens carregadas de chuvas benfazejas. Mas, todas esses relatórios de
benemerências não passam de mentiras deslavadas. Sua verborragia benevolente
são nuvens passageiras que vêm e vão sem deixar cair sequer uma gota de
misericórdia sobre os necessitados. O gabola é um mentiroso. Suas palavras não
merecem confiança. É pródigo de bondade apenas nos lábios, porém, suas mãos
nunca se estendem para socorrer o aflito. Sua bondade é uma miragem. Seus
feitos de misericórdia são uma ficção. Suas promessas são uma frustração. O
gabola é como nuvem passageira e como vento uivante que não produz chuva por
anda passa.
Jesus nos ensinou a sermos misericordiosos, mas com
discrição, sem fazer propaganda de nossas obras. Dar esmola e depois tocar
trombeta, jejuar e depois fazer propaganda de sua espiritualidade é uma atitude
mesquinha. Orar de pé com o fim de ser visto pelos homens e depois estadear
diante de Deus suas virtudes espirituais não passa de indisfarçável hipocrisia.
Há um adágio popular que diz que “lata vazia é que faz barulho”. Quem é, não precisa
fazer propaganda de si mesmo. O autoelogio é uma atitude imprópria para um
cristão maduro. Bater palmas para si mesmo e colocar-se acima dos outros é uma
evidência eloquente de consumada imaturidade.
A palavra de Deus é enfática em dizer que Deus dá
graça aos humildes, mas resiste aos soberbos. A bem-aventurança não está na
arrogância espiritual, mas na singeleza de coração. Jesus ensinou:
“Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus”. Os
humildes de espírito são aqueles que têm plena consciência de sua pobreza.
Sabem que nada têm para reivindicar qualquer direito diante de Deus. Chegam à
presença de Deus conscientes de sua total falência e carentes da graça. Esses
são felizes e a esses pertence o reino dos céus. Porém, os arrogantes, cheios
de si, que ostentam suas pretensas virtudes, são despedidos vazios e não são
justificados diante de Deus.
Oh, que Deus nos livre da soberba! Oh, que nosso
coração fuja da sedução enganadora da gabolice! Oh, que o nosso coração se
humilhe sob a onipotente mão de Deus e que não sejam nossos próprios lábios que
nos louvem! É tempo de sermos maduros na fé e chorarmos pelos nossos pecados em
vez de alardearmos nossas virtudes!
Autor: Hernandes Dias Lopes – Pastor e
Conferencista da Igreja Presbiteriana do Brasil. Autor de mais de 100 livros
Fonte: http://hernandesdiaslopes.com.br
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