Não é
fácil manter o pêndulo do equilíbrio na sua posição correta. Em inglês, a
palavra para equilíbrio é “balance”, que na língua portuguesa sugere
movimentos, como uma gangorra ou balanço de um parque infantil. A arte de
“balancear” a vida é desafiadora.
Uns comem
demais. Neuroticamente se tornam devoradores, vorazes, gulosos. O corpo entra
em colapso pelo excesso de proteína e carboidrato. Outros comem de menos, ou se
recusam a comer, comem pouco ou mau. As disfunções neuróticas brotam a partir
da obsessão por uma imagem distorcida de si mesmo e a disfuncionalidade surge
em seus casos extremos com a bulimia, anorexia e a fobia à alimentação.
Alimentar-se moderadamente é saudável e bom, mas ficar obcecado por comida e
transformar-se num guloso compulsivo é péssimo; por outro lado, a obsessão por
regime ou corpo perfeito é doentio. Em ambos, perde-se o equilíbrio.
Uns se
desequilibram quanto ao uso do dinheiro. Por um lado, surgem os acumuladores e
avarentos, que mesmo tendo o suficiente não sabem usar seus recursos. Não
possuem o dinheiro mas são possuídos por ele. De outro, encontram-se os
perdulários, consumistas e gastadores vorazes, que compram o que não precisam, com
dinheiro que não tem, para impressionar pessoas que não gostam. Estes fazem a
alegria das agências financeiras e sistemas bancários, já que estão sempre no
limite do cheque especial e cartão de crédito. Nos dois casos, o desequilíbrio
está presente.
As disfunções
não existem apenas na comida e dinheiro. Podem surgir na educação dos filhos:
uns adotam uma disciplina rígida, legalista, rígida; outros tornam-se frouxos e
liberais, que nunca conseguem contrariar e disciplinar seus filhos. No sexo,
uns são relativistas e promíscuos; outros, optam pela abstinência e castração.
No uso do tempo, alguns são criteriosos, organizados, obcecados por horário e
adoecem por isto; outros são desorganizados e irresponsáveis. Até mesmo na
espiritualidade podemos encontrar desequilíbrio. Uns são fanáticos, ascetas;
outros, cínicos e indiferentes. Em todos estes exemplos vemos como o pêndulo
oscila perigosamente para um lado ou para outro.
Outro
ponto que podemos considerar é que, geralmente, não percebemos as rotineiras
oscilações. Achamos que nossa atitude não é tão grave assim, e nos
justificamos, sem perceber que pequenos desequilíbrios podem trazer graves
distorções. Qualquer que seja o nível de nossa “labirintite existencial”,
corremos risco. O problema é que nunca temos suficiente equilíbrio em todas as
áreas.
Quando
encontramos equilíbrio, os movimentos do balanço, não pendem excessivamente
para um lado para o outro. Podem temporariamente se desorganizar, mas logo
surge a necessidade de recuar, refletir e trazer o corpo e a mente para o
ponto central do fulcro. Só assim poderemos nos divertir, sem sermos
inconsequentes, entendendo que às vezes a gangorra vai para um lado ou para o
outro, mas há sempre um lugar central, onde o pêndulo pode reorganizar-se
Autor: Samuel Vieira é pastor na Primeira Igreja
Presbiteriana de Anápolis, GO.
http://revsamuca.blogspot.com.br/
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