Diferente dos Jogos
Olímpicos, que, como citado anteriormente, ocorrem a cada quatro anos, o
cristão enfrenta diariamente uma intensa competição. Longe de a disputa em questão
estar relacionada apenas a uma prova esportiva, o que entra na pauta do embate
é a vida, não apenas neste mundo, mas aquela que se refere à eternidade.
Em seus escritos, o
apóstolo Paulo costumava comparar o cristão a um atleta:“Não sabeis vós
que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o
prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis. E todo aquele que luta de tudo
se abstém; eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, uma
incorruptível. Pois eu assim corro, não como a coisa incerta; assim combato,
não como batendo no ar. Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à servidão, para
que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar
reprovado” (ICo 9:24-27 – ACF) [1]. Paulo
falava a um público que entendia bem o real significado de uma competição
atlética visto que em Corinto eram realizados os Jogos Ístmicos, competição que
ocupava o segundo lugar em importância, atrás apenas dos Jogos Olímpicos.
A grande verdade é que nesta intensa batalha que o cristão enfrenta
diariamente, temos dois inimigos principais. Em primeiro lugar travamos uma
luta diária contra poderes espirituais, que desde o princípio tem intentado
contra os escolhidos de Deus com toda sorte de ardis: “Porque não
temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados,
contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as
hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais” (Ef 6:12 –
ACF). Penso que este não seja o principal inimigo do cristão nas
Olimpíadas da vida cristã. O segundo, e principal adversário, seria o
“eu”. Thomas Brooks, muito acertadamente, dirigia uma petição a Deus que
dizia: “Livra-me, ó Deus, daquele homem mau - eu mesmo” [2].
Infelizmente, muitos cristãos atualmente tem atribuído todo e qualquer problema
que ocorra no decorrer da vida ao diabo. É inegável, que os espiritos malignos
têm participação nas mazelas que ocorrem no mundo, mas a participação humana
não deve ser posta em segundo plano. O profeta Jeremias já afirmava: “De
que se queixa, pois, o homem vivente? Queixe-se cada um dos seus pecados” (Lm
3:39 – ACF). O próprio Paulo, no texto anteriormente citado,
corroborando com a questão desta luta interna, dizia: “...subjugo o meu
corpo, e o reduzo à servidão”.Paulo tinha plena consciência
deste ferrenho embate que ocorria no íntimo do seu ser, ele mesmo
afirmava: “Porque o que faço não o aprovo; pois o que quero isso não
faço, mas o que aborreço isso faço” (Rm 7:15 – ACF).
Os próprios escritos de Paulo nos remetem a levarmos uma vida de preparação e
luta, fitando sempre um objetivo maior, de cunho espiritual. Dentro deste
contexto é válido mencionar o comentário de Barclay quando afirmava: “Como
sustentava Coleridge: ‘O mundo, longe de ser uma deusa envolta em uma saia é em
realidade um demônio em traje de rua’. Um soldado fraco não pode ganhar
batalhas, um atleta mal treinado não pode ganhar corridas. Devemos sempre nos
considerar como homens em campanha, avançando sempre para uma meta” [3]. Acerca
disto, novamente, Paulo conclui: “Não que já a tenha alcançado, ou
que seja perfeito; mas prossigo para alcançar aquilo para o que fui também
preso por Cristo Jesus. Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado;
mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e
avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da
soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Fl 3:12-14 – ACF).
Longe de propormos que tal competição diária, que norteia a vida do cristão,
esteja relacionada com a obtenção da salvação, visto que esta foi alcançada
única e exclusivamente pelos méritos de Cristo e presenteada aos eleitos de
Deus por meio da graça, estamos certos de que a é a vontade de Deus que os seus
filhos se comportem de forma madura e espiritual, disciplinada e perseverante,
nesta competição intensa a que chamamos de Olimpíadas da vida.
Portando-se assim, ao fim de nossa carreira, seremos galardoados com um prêmio
não perecível como o é uma coroa de louros ou uma medalha de ouro, mas sim com
um prêmio incorruptível que será entregue diretamente das mãos do nosso Senhor.
Autor: Rafael Lima. Graduado em História pela UFPB. Possui curso de Formação em
Missões Urbanas pelo STEC e, atualmente, realiza sua formação teológica pelo
STCNE
Notas
[1] A versão utilizada neste artigo é a Almeida
Corrigida e Revisada Fiel ao Texto Original (ACF) publicada pela Sociedade
Bíblica Trinitariana do Brasil.
[3] BARCLAY, William. E-book. Comentário Bíblico
do Novo Testamento. Versão em português de domínio publico.
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