segunda-feira, 8 de agosto de 2016

OLIMPÍADAS DA VIDA

          
           
Como sabemos, estes dias têm sido marcados pelo envolvimento de grande parte das nações do globo em torno dos Jogos Olímpicos. Inicialmente, os Jogos foram realizados em Olímpia, na Grécia, por volta do século VIII a.C. Posteriormente, em fins do século XIX da era cristã, foi restabelecida a competição, que perdura até os nossos dias. A lógica é que a cada quatro anos os melhores atletas se reúnam a fim de decidir quem são os mais capazes, os que mais demonstram capacidade de superação e que buscam demonstrar qual o limite a que pode chegar o ser humano.

Diferente dos Jogos Olímpicos, que, como citado anteriormente, ocorrem a cada quatro anos, o cristão enfrenta diariamente uma intensa competição. Longe de a disputa em questão estar relacionada apenas a uma prova esportiva, o que entra na pauta do embate é a vida, não apenas neste mundo, mas aquela que se refere à eternidade.

Em seus escritos, o apóstolo Paulo costumava comparar o cristão a um atleta:“Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis. E todo aquele que luta de tudo se abstém; eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, uma incorruptível. Pois eu assim corro, não como a coisa incerta; assim combato, não como batendo no ar. Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado” (ICo 9:24-27 – ACF) [1]. Paulo falava a um público que entendia bem o real significado de uma competição atlética visto que em Corinto eram realizados os Jogos Ístmicos, competição que ocupava o segundo lugar em importância, atrás apenas dos Jogos Olímpicos.

            A grande verdade é que nesta intensa batalha que o cristão enfrenta diariamente, temos dois inimigos principais. Em primeiro lugar travamos uma luta diária contra poderes espirituais, que desde o princípio tem intentado contra os escolhidos de Deus com toda sorte de ardis: “Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais” (Ef 6:12 – ACF). Penso que este não seja o principal inimigo do cristão nas Olimpíadas da vida cristã. O segundo, e principal adversário, seria o “eu”. Thomas Brooks, muito acertadamente, dirigia uma petição a Deus que dizia: “Livra-me, ó Deus, daquele homem mau - eu mesmo” [2]. Infelizmente, muitos cristãos atualmente tem atribuído todo e qualquer problema que ocorra no decorrer da vida ao diabo. É inegável, que os espiritos malignos têm participação nas mazelas que ocorrem no mundo, mas a participação humana não deve ser posta em segundo plano. O profeta Jeremias já afirmava: “De que se queixa, pois, o homem vivente? Queixe-se cada um dos seus pecados” (Lm 3:39 – ACF). O próprio Paulo, no texto anteriormente citado, corroborando com a questão desta luta interna, dizia: “...subjugo o meu corpo, e o reduzo à servidão”.Paulo tinha plena consciência deste ferrenho embate que ocorria no íntimo do seu ser, ele mesmo afirmava: “Porque o que faço não o aprovo; pois o que quero isso não faço, mas o que aborreço isso faço” (Rm 7:15 – ACF).

            Os próprios escritos de Paulo nos remetem a levarmos uma vida de preparação e luta, fitando sempre um objetivo maior, de cunho espiritual. Dentro deste contexto é válido mencionar o comentário de Barclay quando afirmava: “Como sustentava Coleridge: ‘O mundo, longe de ser uma deusa envolta em uma saia é em realidade um demônio em traje de rua’. Um soldado fraco não pode ganhar batalhas, um atleta mal treinado não pode ganhar corridas. Devemos sempre nos considerar como homens em campanha, avançando sempre para uma meta” [3]. Acerca disto, novamente, Paulo conclui: “Não que já a tenha alcançado, ou que seja perfeito; mas prossigo para alcançar aquilo para o que fui também preso por Cristo Jesus. Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Fl 3:12-14 – ACF).

            Longe de propormos que tal competição diária, que norteia a vida do cristão, esteja relacionada com a obtenção da salvação, visto que esta foi alcançada única e exclusivamente pelos méritos de Cristo e presenteada aos eleitos de Deus por meio da graça, estamos certos de que a é a vontade de Deus que os seus filhos se comportem de forma madura e espiritual, disciplinada e perseverante, nesta competição intensa a que chamamos de Olimpíadas da vida.

            Portando-se assim, ao fim de nossa carreira, seremos galardoados com um prêmio não perecível como o é uma coroa de louros ou uma medalha de ouro, mas sim com um prêmio incorruptível que será entregue diretamente das mãos do nosso Senhor.

Autor: Rafael Lima. Graduado em História pela UFPB. Possui curso de Formação em Missões Urbanas pelo STEC e, atualmente, realiza sua formação teológica pelo STCNE

Fonte: http://www.cosmovisaocrista.com/


Notas



[1] A versão utilizada neste artigo é a Almeida Corrigida e Revisada Fiel ao Texto Original (ACF) publicada pela Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.

[2] BLANCHARD, John. E-bookPérolas para a Vida. São Paulo: Vida nova, 1993.

[3] BARCLAY, William. E-book. Comentário Bíblico do Novo Testamento. Versão em português de domínio publico.


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