Que dias gloriosos, quando o homem retornou ao
entendimento de que deveria viver para a Glória do seu Senhor; e que para isto,
as Sagradas Escrituras bastavam.
Dia 31 de outubro de 1517, Martinho Lutero afixou
na porta da Igreja-Castelo de Wittenberg suas 95 Teses, que tratavam
principalmente sobre penitência, indulgências e a salvação pela fé somente.
Este foi o estopim da Reforma Protestante, que há anos vinha sendo abastecida
com muita pólvora, e que quando foi acesa abalou o mundo.
Mas a única forma de entender o que foi a Reforma e
o que ela significou para a história do cristianismo é analisando a situação
espiritual da época.
Três tipos de ansiedade estavam presentes na Baixa
Idade Média: Morte, culpa e perda de sentido. Estes sintomas tinham causas
profundas, que começavam com a intensa crise agrária e se intensificavam com as
pestes que devastaram pelo menos um terço da população europeia.
A morte era um tema usual, e a igreja vigente tomou
proveito desta situação para expandir seu domínio religioso e político.
Entre os muitos abusos do catolicismo medieval, se
encontram: O abuso papal, com a implementação de um complexo sistema de
penitências visando lucro e não o arrependimento; A pretensão papal, ou seja, a
reivindicação papal quanto à autoridade apostólica como cabeça da igreja,
considerando a si mesmo santo e infalível, o vigário de Cristo; O cativeiro da
Palavra, quando a leitura e a interpretação bíblica estava somente em poder dos
eruditos e bispos; A exaltação do monasticismo, de forma que acreditava-se que
aqueles que viviam em mosteiros viviam uma vida espiritual superior; A mediação
usurpada, que era a crença de que a humanidade poderia recorrer à Maria, aos
santos e aos sacramentos como forma de obter mediação com Deus; O papel das
boas obras, afirmando que para a graça não bastava para a salvação; entre
muitos outros abusos.
A resposta protestante a estes abusos deu-se em
cinco gritos de guerra ou lemas da Reforma:
(1) Sola Scriptura – Somente a Escritura possui autoridade absoluta, de forma que
os cristãos devem ser guiados pela Bíblia, a igreja deve se submeter aos
seus ensinamentos e os governantes devem subordinar-se aos valores da Palavra
de Deus.
(2) Sola Gratia – Somente a Graça, ensinando que nossa salvação é iniciado e
completada apenas pela Graça Soberana de Deus.
(3) Sola Fide – Somente a Fé é o meio pela qual a justificação chega ao
pecador.
(4) Solus Christus – Somente Cristo, tanto a graça quanto a fé enfatizam que a
salvação é somente por meio de Cristo, ou seja, Cristo é o único Salvador.
(5) Soli Deo Gloria – A Glória somente a Deus, enfatizando que o principal
propósito do homem é glorificar a Deus em todas as suas atitudes, e que o
principal deleite do homem é louvar a Deus.
Com estes lemas principais, a Reforma Protestante
foi tomando forma, e trouxe uma esperança jamais imaginada pelos habitantes da
Europa Medieval, uma esperança bíblica que havia sido escondida e manipulada
pelos poderosos.
A Reforma tomou proporções inimagináveis,
alcançando diversas partes do mundo. Neste ponto deve ser mencionado que a
Reforma de forma alguma foi um movimento humano, mas divino, operado pelo Espírito
Santo de Deus, que moveu homens dispostos a proclamar as verdades bíblicas a
qualquer custo, nem que isto os levasse à morte, como de fato aconteceu. Alguns
destes homens foram: John Wycliffe (1324-1384) e John
Hus (1372-1415), os precursores da Reforma; Martinho Lutero (1483-1546)
e Ulrico Zuínglio (1484-1531), os Reformadores da Primeira
Geração; João Calvino (1509-1564), Philip Melanchthon (1497-1560)
e John Knox (1513-1572), os Reformadores da Segunda Geração;
entre centenas de outros.
Reformar é necessário, e este era o lema de
Calvino: “Igreja reformada, sempre se reformando”. Porém, é
necessário entender que essa reforma não é inovação, modernização do conteúdo
da fé, mas sim restauração do entendimento desse conteúdo, e isso implica em
olhar para frente compreendendo o que a relação em Cristo nos legou. Assim, a
questão não se impõe com novos métodos, mas sim com o velho método, que nos faz
voltar sempre à Palavra, extraindo dela aquilo que de fato ela ensina. A
Palavra é a referência, e assim deve permanecer.
Cremos que a vida cristã deve ser dirigida pela
Palavra de Deus, por isso devemos produzir Reforma, e acima de tudo sermos
reformados, a fim de viver plenamente. Essa foi a promessa de Deus e é o Seu
desejo, conforme falou por Josué ao Seu povo: “Não cesses de falar
deste livro da Lei; antes medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de
fazer segundo tudo quanto nele está escrito; então, farás prosperar o teu
caminho e serás bem sucedido” (Js 1:8).
Por Alexandre Amin de
Oliveira
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