A propósito da nomeação do pastor Presbiteriano Rev. Milton Ribeiro para o Ministério da Educação, ouvi, com certa admiração, muitas pessoas comentarem: “Isso é bom porque a Igreja Presbiteriana é muito ética”. Minha admiração se deu por duas razões: a primeira é que, não só os Presbiterianos, mas todos os evangélicos deveriam ser éticos; a segunda é que a ética não pode ser uma particularidade de um grupo religioso, mas de toda a nação. No primeiro caso, se isso não tem acontecido é porque muitos evangélicos têm trocado a ética pelos resultados pragmáticos e mercadológicos da fé; no segundo caso, pelo fato da nação não querer abrir mão da nefanda ética de que “os fins justificam os meios”.
Vamos pensar em ética nesse artigo como sendo a área do conhecimento que investiga as ações e os relacionamentos humanos, gerando costumes e comportamento moral. Uma questão muito debatida na filosofia é a distinção entre moral e ética. Já que nosso espaço não permite essa abordagem, vamos apenas ressaltar o fato de que, embora haja distinção entre as duas realidades, elas se complementam. Como alguns têm asseverado (Norman Geisler, por exemplo), a moral e o caráter são decorrentes da ética assumida.
Fala-se em ética comercial (onde um não destrata o ramo do concorrente), ética política (em que se busca o bem comum e não os interesses pessoais ou partidários), ética religiosa (onde o proselitismo é negado e combatido), ética social (padrões de conduta assumidos pela comunidade) e assim por diante. E há, também, a chamada ética cristã – cujos valores são fundamentados por Jesus e baseadas na Palavra de Deus. Ela regula as particularidades das éticas descritas acima e se sobrepõe a elas pelo fato de serem imutáveis e normativas. Na prática, isso quer dizer que ela regulamenta o relacionamento do homem com o seu próximo, com o Criador, com a natureza e consigo mesmo. Portanto, há uma ética para o sexo, para a vida, para o trabalho, economia e finanças e para todas as atividades humanas. Não são várias, mas apenas uma que regulamenta os múltiplos aspectos do ser humano.
Uma questão essencial, porém, é a observação de que a ética, por mais que seja boa e relevante, não pode produzir fé ou méritos diante de Deus. Isso é importante porque muitas vezes as pessoas são dirigidas pela “meritocracia”, ou seja, o fato de pensar que sendo boas cidadãs e caridosas receberão automaticamente a devolução de Deus como um benefício de recompensa pessoal. Claro que o Evangelho é pautado por uma ética (o sermão do monte em MT 5-7 mostra isso), mas a vida cristã está muito além apenas do cumprimento da lei moral. Vida cristã diz respeito à mudança de vida pelo arrependimento e fé, comunhão com Deus e vida dedicada a Ele em consagração. Esse é o ponto de partida para que a vida não se perca na ética dissoluta de que “tudo é permitido” ou de que “não existe pecado do lado de baixo do Equador”.
Para concluir, quero deixar registrado de que dia 12 de Agosto a Igreja Presbiteriana do Brasil comemorou 161 anos de presença em terras brasileiras. Meu desejo é que ela seja não apenas uma Igreja ética, mas também bíblica, servidora, missionária e totalmente útil ao Deus que a criou.
Deus possa abençoar a todos.
Rev. Onildo de Moraes Rezende
(Pastor da Igreja Presbiteriana de Jales, Bacharel em Teologia, Licenciado em Pedagogia, Pós-Graduado em Docência Universitária, Mestre em Aconselhamento)
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