A sociedade experimenta uma overdose
de comunicação virtual. O uso de aplicativos como o WhatsApp, que contabilizou
recentemente a quantia de 1 bilhão de usuários no mundo e 100 milhões apenas no
Brasil, é o responsável por esta mudança de comportamento. Todos estão atentos
ao sinal que informa a chegada de uma nova mensagem. É alguém no grupo da família
desejando um bom dia, o amigo divulgando piadas políticas ou o chefe marcando
uma importante reunião. Se as conversas no WhatsApp estão escassas, não tem
problema, o Facebook trás uma galeria de acontecimentos para manter qualquer
pessoa entretida por um tempo indeterminado. Cansado de conversas e curtidas no
Facebook, chega a hora dos desafiadores jogos que instigam a superação. Depois
dos jogos, nada melhor do que ver um seriado no Netflix. Não duvide da
capacidade daqueles que conseguem fazer tudo ao mesmo tempo!
A utilização adequada e moderada
destes meios pode ser benéfica e útil para trabalhos, estudos, entretenimentos
e relacionamentos com familiares e amigos. No entanto, existe o risco da
compulsão pela conectividade, a ânsia para descolar do real e fazer a vida
girar em torno do virtual. É o desejo desenfreado de encontrar sentido no
outro, naquilo que é externo e que de alguma forma corresponde e promove
satisfação. Existe um império de propostas para manter as pessoas conectadas a
elementos que são efêmeros, superficiais e descartáveis. Há uma poderosa
indústria do inútil e supérfluo alimentando uma geração vazia e entediada.
O silêncio, a solitude e a
introspecção são termos agressivos para uma geração que está sempre acessando
algo para impedir o encontro consigo. Os olhares focam em telas e teclados e o
convite para mergulhar na própria alma é desconfortante e amedrontador. A mente
está condicionada para se suprir de um turbilhão de informações e o rompimento
com este ciclo é quase uma tortura. Esta fuga de si mesmo não é um mal apenas
desta era, afinal, em todos os períodos da história o homem resistiu o encontro
com a sua angustiante realidade interna.
Para os redimidos em Cristo Jesus, o
coração se tornou a residência do Espírito Deus (Rm 8.9) e por isso, os
momentos de desconexão direcionados à oração e a meditação na Palavra não são
caminhadas em direção aos assombrosos escombros da alma deteriorada pelo
pecado, mas um passeio pelo jardim de Deus, afinal a graça salvadora trouxe luz
onde havia trevas, vida onde reinava a morte, alegria num lugar de tristeza.
Diante de tantas vozes e conexões, os cristãos precisam buscar o silêncio e
convidar Deus para um encontro íntimo, sincero e profundo, longe dos ruídos
externos que visam apenas a distração. Priorize a comunicação com o Senhor e
perceba o quanto as demais conexões são secundárias e muitas vezes,
desnecessárias.
Alexandre Rodrigues Sena – pastor na
Igreja Presbiteriana da Gávea no Rio de Janeiro RJ
Fonte: http://ipgavea.org/category/pastorais/
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