segunda-feira, 20 de agosto de 2018

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Em 2017 houve 63.800 homicídios sem contar os abortos provocados!
"Buscai o Senhor enquanto se pode achar..." (Isaías 55.6)
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sexta-feira, 17 de agosto de 2018

Desafios da Paternidade


Conta-se a história de um pai que comprou uma pistola e com alegria mostrou-a para o seu filho adolescente. Comprometeu-se com o filho de ensiná-lo a utilizar a arma, mas os compromissos do trabalho nunca o permitiam cumprir a promessa. Com que arrependimento e tristeza ele foi chamado às pressas para o hospital quando o seu filho acidentalmente feriu-se mortalmente com a arma. Caminhando de um lado para o outro ele dizia: "Como eu foi tolo. Eu planejei separar tempo para ensiná-lo a usar a arma. Eu planejei, mas eu estava tão ocupado ...."
Talvez você nunca desse uma pistola para o seu filho, e muito menos permitiria que ele utilizasse algo tão perigoso sem o devido treinamento. Porém, eu creio que temos deixado de perceber que demos algo muito mais perigoso para os nossos filhos - A VIDA! Quantos pais estão tão ocupados provendo o sustento dos seus filhos que se esquecem de ensiná-los a viver a vida, de prepará-los para a vida adulta! Creio ser este um grande desafio para os pais de hoje: ser mais do que um provedor! É vital que pais prepararem seus filhos para viver a vida, para saber tomar decisões, para saber usar bem as oportunidades ...
Três desafios estão diante de qualquer homem que deseje cumprir a missão da paternidade:
·         Dedicar tempo aos seus filhos. Pequenos ou grandes seus filhos precisam de você. Dedique-lhes qualidade e quantidade de tempo. As atividades da vida moderna tendem a separar a família. Conviver é mais do que ter o mesmo endereço. É necessário "investir" tempo para ter um relacionamento significativo. Dificilmente este tempo com os seus filhos ocorrerá por acaso. Conscientemente agende um horário para estar com eles jogando bola, brincando, fazendo um lanche, lendo ... construa memórias de vocês dois juntos! Qual foi a última vez que você fez alguma desta coisas com os seus filhos? Muitos de nós estamos tão ocupados ganhando a vida que nos esquecemos de vivê-la. Certamente estas memórias serão importantes para a estabilidade emocional deles na vida adulta.
·         Viver como um exemplo para seus filhos. Seja exemplo até no reconhecer os seus erros e no pedir perdão. Seres humanos precisam de modelos para aprender. A melhor maneira de ensinar o caminho correto é andar neste caminho! Consistência entre o nosso discurso e vida certamente terá um impacto positivo no caráter de nossos filhos. Eles aprenderão a importância do amor, respeito, verdade, etc. Não existe nada melhor para enfrentar as incoerências da vida do que crescer em um lar onde existe coerência. "Faça o que eu digo e não faça o que eu faço!" é um ditado popular. Identifique áreas da sua vida onde este ditado é verdadeiro. Procure eliminar estas inconsistências por amor a você mesmo e aos seus filhos.
·         Desenvolver um conceito diferente de sucesso - Você diria que um pai bem sucedido é o que pode dar aos filhos roupa nova, casa rica, presentes, etc.? Ser um bom pai é dar-se a si mesmo aos filhos! A maior herança que você pode deixar para os seus filhos não tem registro de imóveis, nem pode ser declarada no imposto de renda. Esta herança é a certeza do seu amor e a capacitação para viver a juventude e a vida adulta em toda a sua potencialidade. A frase "Nenhum sucesso compensa o fracasso no lar." reflete convicção e prioridades na vida de um pai. Pais que investiram todo o seu tempo e energia na profissão para prover muitas coisas para os seus filhos, muitas vezes chegam a afirmar: "Eu daria tudo que tenho para ter uma família diferente!"
·         José, o pai de Jesus, temente a Deus como ele era buscou a sabedoria divina para ser o pai que o seu filho precisava. Ele foi um pai que recebeu a aprovação de Deus e serve de exemplo hoje. A Bíblia fala do seu trabalho como pai ao afirmar: "E crescia Jesus em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens."
Como é possível em meio às pressões da vida moderna ser um pai assim? Creio só existir uma maneira: buscando a ajuda de Deus! Afinal, não foi Ele quem planejou a existência da família como o centro de treinamento para a vida? Não foi Deus quem criou o ser humano como um dos "filhotes" mais dependentes de toda a criação?
Busque em Deus a sabedoria necessária para ser o pai que seus filhos precisam. A Bíblia diz: "se alguém tem falta de sabedoria, peça a Deus, e ele dará porque é generoso e dá com bondade a todos." Deus deseja ajudá-lo a ter um conceito diferente de sucesso, a investir qualidade e quantidade de tempo na vida de seus filhos para que eles aprendam com o seu exemplo de vida.

Autor: L. Roberto Silvado
Fonte: https://ib7.org

Qual é o teu nome?

Perguntou-lhe, pois: Como te chamas? Ele respondeu: Jacó.
Gênesis 32.27

Jacó, que significa suplantador, trapaceiro, viveu sua vida até aquele dia à sombra do seu nome. De fato, esse nome dizia muito acertadamente quem ele era. Lutando contra o Anjo, sem entendermos bem por que razão exatamente, o patriarca pelejou a noite toda. É óbvio que o Anjo podia tê-lo vencido rapidamente, mas deixou a briga se arrastar até quando quis. Para por fim a disputa, simplesmente golpeou sua coxa tornando Jacó manco. E, como tal, em condições humilhantes, o patriarca "deteve" seu oponente para que lhe abençoasse. Esse é o tipo de história que parece estranha, com pontos cegos, mas que a luz das Escrituras pode ser esclarecida.
O Anjo proporcionou ao nosso anti-herói um déjà-vu. Ele fez uma pergunta muito semelhante a que anos atrás Jacó ouviu quando pelejava pela benção com seu pai, enganando-o, e ao mesmo tempo passando a perna em seu irmão Esaú: "Como te chamas? Quem és tu, meu filho?" Na primeira vez, diante dos olhos cegos de seu pai, sua resposta foi "Sou Esaú, teu primogênito". Mas agora, diante daquele que tudo vê, sua resposta sincera e simples foi "Jacó". Era praticamente uma confissão.
Conta a anedota que o menino mal-criado respondeu ao padre: Eu não me chamo, os outros é que me chamam. O nome Jacó, dado ao segundo filho de Isaque já previa quem ele seria, o que de fato confirmamos pela sua história. Mas o mesmo pode ser dito do nome dado pelo Anjo: Israel significa "Deus Prevalece". E pela própria explicação dada em seguida, fica claro que "como príncipe pelejou com Deus e com os homens e prevaleceu". Tratava-se agora de um êxito honroso, não mais de artimanhas ou traições. O velho Jacó tinha tido sucesso como Israel, como "Deus Prevalece".
Devemos considerar que o propósito de Deus prevalecia sobre o patriarca. Mesmo antes de nascer, quando já lutava no ventre de sua mãe com seu irmão, o SENHOR já havia anunciado que o menor prevaleceria sobre o maior (Gênesis 25.23). O segundo tornaria-se o primeiro (príncipe); o menor, o caseiro e mais frágil, tornaria-se aquele que lutaria com o próprio Deus. Jacó sempre foi Israel.
Porém, outro aspecto precisa ser considerado nessa história ainda um pouco nebulosa. Israel não seria apenas o nome do patriarca, mas da nação escolhida por Deus. E nesse sentido, a nação também faria jus ao primeiro nome de seu pai. Israel era Jacó, pois desde os seus doze filhos observamos sucessivas ocasiões de enganos e traições. Basta a leitura dos primeiros versículos da benção de Israel aos seus filhos para se ter ideia de episódios assim na vida dos seus três primeiros filhos (Gênesis 49.1-7). Também toda história de Israel desde o Êxodo até o Exílio faz com que percebamos que as características de Jacó se aplicavam a sua descendência. A traição no deserto veio através da idolatria, e se estendeu à terra prometida nos dias dos Juízes. Mentiras, adultério e violência também adentraram aos palácios dos reis de Israel, e se viu junto aos sacerdotes e do povo. As denúncias dos profetas ao longo da narrativa do Antigo Testamento sempre apontaram para o quanto esses filhos conservaram viva a fama do nome Jacó em sua trajetória.
Indo além deste período, mesmo no Novo Testamento, observamos que a Igreja, o Israel do Senhor, também por vezes se porta como seus pais na Antiga Aliança. Relatos em Atos, como no caso de Ananias e Safira, casos vergonhosos descritos nas epístolas aos Coríntios, nos dão a sensação de que o tempo não passou, e que como disse Belchior em sua célebre canção "ainda somos os mesmos/ e vivemos como nossos pais". Em muitos aspectos como a nação de Israel, a Igreja nesses últimos dias é sua extensão não somente como herdeira da promessa, mas ainda como representante desse nome paradoxo nascido do ventre de Rebeca. Somos um povo de segunda, fracos, desprezíveis (1 Coríntios 1.26-28), mas que também recebeu o nome de um Príncipe. Apesar de correspondermos a alcunha de Jacó, desde a eternidade já havia sido preparado para nós o nome de Israel.
Israel não era apenas o segundo nome que o Patriarca receberia, ou o nome da Nação que dele descendia. Israel era o nome do Príncipe que lutou com Deus e o os homens e prevaleceu. Era o nome do Filho escolhido de Deus "Quando Israel era menino, eu o amei; e do Egito chamei o meu filho" (Mateus 2.15; Oseias 11.1). Jesus, que significa "Ele salvará o seu povo dos seus pecados", é o Nome acima de todo nome. Na cruz Jesus pelejou por nós com Deus, e diferente de Jacó, que apenas teve a sua coxa tocada, o Cristo não foi poupado. Mas apesar do que podia parecer fraqueza ou derrota, sua morte foi, na verdade, sua vitória. Deus Prevalece é o seu Nome, e é nesse nome que somos contados como quem também prevalece.
Quando perguntam pelo meu nome, posso responder com aquele que recebi de meus pais. Junto com ele recebi uma herança maldita desde Adão. Por trás do meu nome escondem-se muitas coisas das quais me envergonho, e que me lembram o nome de Jacó. Lutei com minhas forças para mudar de nome, mas somente pelo Nome de Israel, o Filho a quem Deus ama, e que por mim se entregou na cruz, é que pude receber um novo nome: Cristão. Como Jacó, ainda manco como efeito da luta que travei ao longo de minha vida. Como Jacó, pelo restante dos meus dias serei ainda lembrado pelos pecados que cometi e cometo. Mas como Israel, prevaleci com um nome que não me foi dado quando nasci, que não era meu, mas que estava preparado para mim desde antes da fundação do mundo, e no qual foi abençoado.


Autor: Adalberto A. R. Taques - Pastor Presbiteriano em Cuiabá - MT

  Fonte: http://bloghapax.blogspot.com/


Pronunciamento do Prof. Hermes Rodrigues Nery em audiência pública sobre o aborto no STF



AGENDA DO ABORTO ATENTA CONTRA A SOBERANIA NACIONAL E TEM COMO ALVO OS MAIS FRAGILIZADOS DA SOCIEDADE

Sra. Ministra Rosa Weber, relatora da ADPF-442, Sres. Ministros, demais autoridades, participantes dessa audiência pública e demais presentes.

Chegamos ao final da segunda década do século 21, em meio a tantas possibilidades promissoras de melhorias nas condições de vida humana no planeta, com tão ricas potencialidades, e nos deparamos ainda com o principal desafio bioético da atualidade: vencer as forças de poder que não reconhecem que a pujança da vida deve ser abundância para todos, e que nenhum ser humano deve ser impedido do “direito à vida”. Mas o que vemos infelizmente é se agigantar uma “cultura da morte”, especialmente com a agenda do aborto, que obscurece as esperanças de um tempo em que deveríamos solenemente declarar a proteção e a inviolabilidade da vida humana, desde a concepção, porque a vida vale por inteiro, não só para alguns (para os mais fortes) e nem só em algumas fases.
A história é já conhecida por muitos expositores (especialistas que aqui estão hoje). Mas é preciso resumi-la para situarmos melhor a questão do debate que o Supremo Tribunal Federal propõe nesta audiência pública.
Desde 1952, com a fundação do Conselho Populacional, em Williamsburg (EUA), juntamente com a Fundação Ford, nas décadas posteriores, vários demográfos neomalthusianistas propuseram o aborto como meio mais eficaz de controle populacional. É óbvio que o alvo de tal controle são os pobres, os mais fragilizados da sociedade. Aparece aí uma falsa solução: pois aonde dever-se-ia combater as causas da pobreza, opta-se por combater os pobres; um combate entre quem tem poder e quem está debilitado e precisa, portanto, de apoio. Controle este que recorreu inúmeras vezes a soluções eugênicas.
Nesse sentido, desde os anos 50, portanto, iniciativas foram tomadas (investimentos em contraceptivos e fármacos abortivos, na esterilização [voluntária ou forçada], todas estas ações rechaçadas principalmente pelas mulheres. A fabricação e distribuição do DIU, por exemplo, foi um desastre. Muito dinheiro foi investido nisso. Até que foi preciso mudar de estratégia, e promover uma revolução cultural nos costumes, para neutralizar as naturais resistências a uma agenda ideológica que subverteu o original sentido dos direitos humanos para chegar, por exemplo a aceitação da prática do aborto como direito humano. A tal ponto chegamos nessa inversão de valores: quando o direito deveria proteger a vida humana em sua fase mais fragilizada, acaba se voltando contra o ser humano mais inocente e indefeso.
            A Fundação Ford foi explícita e enfática nisso, em seu documento: “Saúde Reprodutiva: uma estratégia para os anos 90”, dizendo que para se chegar ao crescimento zero seria preciso reduzir a natalidade. Com serviços médicos contraceptivos, chegariam a apenas 40 por cento desse objetivo. Mas só com alterações sociais profundas (para motivar as pessoas a não desejarem mais ter filhos) alargariam as chances para o crescimento zero. Daí que além dos médicos treinados por centros especializados para tais fins, a agenda antinatalista contou com o trabalho de cientistas sociais (do controle do comportamento humano, etc.). Daí o laboratório social que muitos países têm sido vítima, para servir tais interesses. Os resultados danosos no cotidiano, de esfacelamento da natural solidariedade, por conta desse laboratório social, pouco importa aos que engendram um admirável mundo novo, numa sociedade cada vez mais atomizada e mais que surreal e inumana. Para isso fazem todas as transgressões, no afã de ultrapassar inclusive a constituição da natureza humana. As próprias fundações internacionais não omitem tais propósitos. “A Fundação Ford pretende combinar sua longa experiência no campo populacional e a experiência de sua equipe em ciências sociais (…) para administrar questões que tem sido até o momento em grande parte o domínio da profissão médica, e irá promover a discussão e a educação sobre a sexualidade humana, em uma abordagem que não pode omitir-se em reconhecer a necessidade de promover o aborto”1.
Nesse sentido, investiram também na criação de inúmeras OnGs feministas (muitas delas, mantidas com recursos externos), com o intuito de disseminar essa agenda, a partir de um novo paradigma de saúde, de direitos humanos, de empoderamento das mulheres, de novos modelos de família, etc., paradigma este que a Fundação Ford quis tornar público para que outras fundações e grupos (Fundação Rockefeller, Fundação McArthur, Open Society, etc.) se somassem nesse processo, com essa estratégia de mutação cultural, tendo em vista a promoção do aborto, em todas as fases. “A imposição de teses, em matéria de sexualidade e de vida humana que esvaziam de sentido o bem da família é uma estratégia política dos grupos de ideologia liberal-radical”2. Um paradigma utilitarista, que exclui categorias sociais do “direito a vida” (primeiro e  principal de todos os direitos humanos), como os bebês no ventre materno, flagelados pelo aborto, e os idosos, com a eutanásia.
            Desse modo, as fundações agiram e influíram, e tomaram mais força principalmente nas conferências internacionais da ONU, especialmente a do Cairo, em 1994, e a de Pequim, em 1995. Ou ainda, em 1996, em Glen Cove, quando ficou decidida uma gradual jurisprudência, em nível internacional, que favorecesse  o aborto. De lá para cá foi se impondo essa agenda nos países membros da ONU e também na América Latina, caracterizando assim explicitamente um atentado a nossa soberania nacional, pois a agenda do aborto vem de fora, é gestada e imposta de fora, por fundações e organismos internacionais que querem empreender um eficaz controle populacional, controle e até mutação do comportamento humano, debilitando assim as nossas instituições, a começar pela família (família constituída por homem e mulher, aberta à vida, duramente atacada e fragilizada por essa “cultura da morte”), impedindo assim o nosso verdadeiro desenvolvimento como nação, pois o que vale para o desenvolvimento de uma nação é o seu “capital humano”,  como destaca Gary Becker, Prêmio Nobel de Economia (1992). E a agenda do aborto leva justamente à “penúria de capital humano”3.
            Dos países da América Latina, havia expectativa por parte das fundações, que o Brasil (já incluído no Relatório Kissinger, de 1974), fosse um dos primeiros a legalizar o aborto. “Para a ONU , a expansão do acesso ao aborto com foco nos países menos desenvolvidos é uma prioridade”4. Mas ocorreu aqui um fato muito importante. No Congresso Nacional todas as proposituras pró-aborto foram rechaçadas com veemência. De modo algum houve omissão do parlamento brasileiro nesta matéria, e nem controvérsia constitucional. Daí a surpresa, para muitos, dessa ADPF 442, pois uma ADPF se justifica juridicamente, quando há uma questão de controvérsia constitucional, o que não houve na questão do aborto. Pelo contrário, a legislação atual permanece como a que foi aprovada pelos constituintes, em 1988 (somente incluído os casos de anencefalia, após a ADPF54) e nunca houve contestação da constitucionalidade. Sobre o tema, mesmo complexo, o debate sempre foi aberto e plural, com várias audiências públicas realizadas. E os parlamentares deram o seu voto pela vida, especialmente no memorável dia 7 de maio de 2008, com 33×0 na Comissão de Seguridade Social e Família. E as pesquisas mostram sempre números expressivos da população contra a legalização do aborto.
Foi então que os promotores do aborto entenderam que (o aborto não passando pelo Legislativo) era preciso judicializar a questão, aproveitando-se de jurisprudências que foram sutilmente abertas no passado recente, para viabilizar a legalização do aborto via judiciária, num processo gradualista, por etapas, que começou com a ADIN 3510, depois com a ADPF-54, o HC 124.306, e agora com a ADPF-442. Ainda durante o julgamento da ADIN 3510, o Ministro Marco Aurélio Mello lembrava que “decidida a matéria, não há órgão judicante capaz de revisá-la”5, daí os promotores da “cultura da morte” terem recorrido à estratégia da judicialização do aborto, para chegar aonde estamos agora, com o STF na iminência de legalizar o aborto até a 12ª semana, por uma brecha aberta pelo ministro Luis Roberto Barroso, no HC 124.306.
            Aliás, já se sabe que antes de assumir a mais alta corte do País, o Ministro Barroso já era um dos notáveis militantes da causa do aborto, tanto que foi quem advogou pela improcedência da ADIn 3510, quando se deu o primeiro passo na instância judiciária para a gradual legalização do aborto. Também atuou na ADPF-54, e protagonizou no HC 124.306 um ativismo pessoal [o que daria suspeição para  a sua deliberação na própria ADPF-442].
Mas há um outro ponto importante a ressaltar. Aonde deve chegar esse gradualismo? Enganam-se os que pensam que irá parar na 12ª semana. Mas, o que é terrível: avançará mais ainda, até chegar [como já ocorre em outros países], ao partial-birth, pois “em todo o mundo, vemos que as leis avançam de precedente em precedente. Libera-se inicialmente para gestações em estágios iniciais (9 ou 12 semanas) e depois a lei vai ganhando amplitude e ficando cada vez mais permissiva. O nascimento parcial, ou partial-birth, ocorre quando o feto é morto pelos aborteiros sem ter saído completamente do corpo da mãe. Ou seja, faz-se um parto normal parcial, retirando uma parte do corpo da criança, para então, com acesso a uma parte do seu corpo, efetuar o procedimento que leva à morte instantânea da criança. […] Em geral, ativistas pró-legalização aqui no Brasil, quando confrontados com essa realidade, fecham seus olhos e ouvidos, dizendo que isso jamais acontecerá aqui. Muitos, obviamente, declaram-se contrários e consideram o nascimento parcial desumano”6. Mas é para essa terrível realidade que a agenda do aborto quer nos levar. “Infelizmente a realidade está aí para mostrar o quão perversa a legalização do aborto pode ser para uma sociedade”7.
Há dez anos, portanto, que tem se intensificado, de todas as formas, em fase mais adiantada da agenda antivida e antifamília (o Congresso Nacional bem como outros legislativos em outras instâncias rechaçaram, por exemplo, a ideologia de gênero nos Planos de Educação, etc.), e então, somente na última instância decisória do País afluíram as forças abortistas para do STF conseguirem impor o que não conseguiram fazer no parlamento brasileiro. Nesse sentido, a judicialização da questão do aborto agudizou ainda mais o crescente ativismo judicial, provocando já reações diversas em vários campos e setores da sociedade, que para salvaguardar as prerrogativas do poder constituinte que pertence originariamente ao povo soberano, não se aceita que venha do poder constituído a última palavra sobre um tema, pois “decidida a matéria, não há órgão judicante capaz de revisá-la”8. Ora, o Supremo Tribunal Federal é poder constituído e não poder constituinte e não pode tirar a prerrogativa constituinte de quem é de direito, que deve ser exercido pelo povo brasileiro. A judicialização da questão do aborto agrava flagrantemente o equilíbrio que deve haver entre os poderes, porque o Judiciário, ao usurpar de suas funções, ao exorbitar de seus poderes, subverte na essência a tripartição dos poderes, e comete assim – do ponto de vista constitucional – um atentando contra a própria Constituição, da qual o STF existe para justamente defendê-la e salvaguardá-la. Judicializar a questão do aborto trata-se portanto de uma violência institucional, não prevista, não autorizada, não justificada, e muito menos amparada por nenhum artigo da Constituição Federal.
            Os maiores constitucionalistas sabem disso, desde “O Federalista” que “a distribuição equilibrada de poderes (…) constituem meios – e meios poderosos”9 para evitar distorções e abusos que possam comprometer assim as próprias formas de governo instituídas pela Constituição Federal. Por isso no Congresso Nacional está tramitando o PL 4754/2016, que estabelece o 6° crime de responsabilidade na Lei 1079/50: o de usurpar a competência do Poder Legislativo ou do Poder Executivo”10.
Sres. Ministros, estive agora, dias atrás, nos Estados Unidos, e conversando com várias lideranças pude constatar um grande movimento que busca revisar os efeitos danosos na sociedade, quando lá o aborto foi legalizado via judiciária, na controversa questão Roe x Wade (1973). Os norte americanos promovem anualmente uma das maiores marchas pro-life do mundo. Assim como em outros países da Europa aonde foi legalizado o aborto, os resultados que temos visto, são terríveis e desumanos, e cada vez mais amplia-se a consciência de que só preservando o capital humano é que se garante um verdadeiro desenvolvimento das nações, e a grave crise econômica e social que hoje a Europa vive, por exemplo, deve-se muito também à inversão da pirâmide populacional (e os melhores demógrafos do mundo sabem disso), como efeito da agenda antifamília e antivida das fundações internacionais. Nesse sentido, peço à Ministra Rosa Weber, como filha de médico, como a terceira mulher a ocupar o cargo máximo da suprema corte do nosso País, como mãe, que apreenda de tudo o que aqui está sendo exposto nesta audiência pública (apesar da maioria dos expositores serem a favor do aborto), para decidir em seu relatório por um voto que esteja a favor da vida e do Brasil.
            Muito obrigado.
Hermes Rodrigues Nery
Presidente da Associação Nacional Pró-Vida e Pró-Família
Notas:
  1. FORD, Fundação:  “Saúde Reprodutiva: uma estratégia para os anos 90”.
  2. CANCIO, José Alfredo Peris, “Direitos Sexuais e Reprodutivos”, Lexicon – Termos ambíguos e discutidos sobre família, vida e questões éticas, p. 255, Pontifício Conselho para a Família, Edições CNBB, 2007.
  3. SCHOOYANS, Michel, Controle dos Nascimentos e Implosão Demográfica, Lexicon – Termos ambíguos e discutidos sobre família, vida e questões éticas, p. 160 Pontifício Conselho para a Família, Edições CNBB, 2007.
  4. DEROSA, Marlon, “O Aborto num mundo hoje: debates e resultados”, Precisamos Falar sobre Aborto: Mitos & Verdades, p.  49, Estudos Nacionais, 2018.
  5. MELLO, Marco Aurélio, Voto na ADIn 3510: http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticianoticiastf/anexo/adi3510ma.pdf
  6. DEROSA, Marlon, “O Aborto num mundo hoje: debates e resultados”, Precisamos Falar sobre Aborto: Mitos & Verdades, PP. 65-66, Estudos Nacionais, 2018.
  7. Ib. p. 66.
  8. MELLO, Marco Aurélio, Voto na ADIn 3510: http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticianoticiastf/anexo/adi3510ma.pdf
  9. HAMILTON, Alexander; MADISON, James; JAY, John, “O Federalista” [https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4097578/mod_resource/content/1/Os%20Classicos%20da%20Politica%20-%20Cole%20-%20Francisco%20C.%20Weffort-195-216.pdf].
  10. PL 4754/2016: http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1443910&filename=PL+4754/2016



Hermes Rodrigues Nery
Presidente da Associação Nacional Pró-Vida e Pró-Família

Fonte: www.fratresinunum.com

A HISTÓRIA DO AGRICULTOR E DA VINHA



E se eu dissesse a você que Deus gosta de uvas e que Ele mesmo plantou uma vinha? Você acreditaria? - Acredite ou não, foi exatamente o que aconteceu. Quero lhe contar os detalhes – e tomara que você leia até o fim, porque isso diz respeito a você diretamente.
Trata-se de uma profecia de Isaías, em uma época em que os ricos viviam em luxo, corrupção moral, injustiça econômica para com os pobres, escravização, entre outras excentricidades mundanas; e os sacerdotes, também corruptos, exigiam mais sacrifícios, permitiam a idolatria e a imoralidade, inclusive no culto a Deus.
As grandes questões daquele tempo eram filosóficas: “O que é que estava errado?”; “Como isso aconteceu?”; “O que podia ser feito para consertar o erro, a fim de que o homem fosse feliz?”
Pra mim, isso só mostra que as grandes perguntas da humanidade são sempre as mesmas, em qualquer época e lugar. Não é isso, de fato, o que nos intriga hoje, também? Ou seja: que há algo de muito errado com os seres humanos..., que gostaríamos de achar a resposta do que aconteceu..., para, afinal, consertarmos os erros, acharmos o rumo e sermos felizes?
O profeta Isaías vai mostrar no texto que os problemas permanecem os mesmos e sua solução depende, para início de conversa, de uma cosmovisão bíblica.
Cosmovisão é o modo como a gente vê o mundo. Vou lhe dar um exemplo bem prático. Você está lendo esse texto agora. Se já tem um modo todo seu de ver o mundo, eliminando completamente a idéia de religião, de Deus e de Bíblia, vai parar de ler agora mesmo, desconsiderando o que eu acho importante que você saiba.
Entretanto, se você tem um mínimo respeito e temor pelo que o Deus da Bíblia diz, vai considerar chegar ao final dessa leitura, acreditando que por certo o que Isaías diz na Bíblia faz algum sentido para os seres humanos de hoje em dia também – incluindo você e eu. Isso faz parte da cosmovisão; da forma como você e eu vemos o mundo.
Veja você. De acordo com a cosmovisão da Bíblia: Há um propósito (Deus quer Seu povo para a perfeição e para Ele); há um problema (o pecado); há uma só solução (a misericórdia, via redenção através de Jesus Cristo); e também há um juízo (em caso de rebeldia e obstinação).
Entender isso é muito básico; sem o que, ninguém nesse mundo poderá encontrar as respostas para as perguntas cruciais e nem a solução eficaz para os problemas que nos afligem. O poema de Isaías é um quadro vivo da mensagem da Salvação.
Resumindo a parábola: a história toda consiste no drama de um agricultor que plantou uma vinha e fez tudo o que precisava ser feito para que ela desse a ele bons frutos; mas no final ela lhe deu frutos muito ruins. Que frustração! Então, o agricultor avisou o que faria com a vinha – e seu veredicto não foi nada agradável. No poema da vinha de Isaías, a mensagem de Deus grita à consciência do homem rebelde.
Qual é o problema do homem, afinal? – É que ele não conhece a verdade a respeito de si mesmo e nem de Deus. Ah, não conhece não!
Segundo a Bíblia, no propósito de Deus, quando Ele fez o mundo e criou o primeiro casal, havia um homem perfeito, plantado num lugar perfeito, ocupando uma posição perfeita, forjado para escolher andar em perfeição para sempre.
Só que o mal entrou. O relacionamento entre “o lavrador e a vinha” foi quebrado – a comunhão prejudicada. Isaías examina em detalhes a situação do caos que foi instaurado “na grande lavoura”, a partir de então. Isaías vai falar de conseqüências do pecado; de rebeldia; de juízo. A parábola é rica em princípios de Deus e anda livremente da justiça à misericórdia – e vice-versa.
O resumo da ópera, na metáfora da vinha, é este: Deus buscou justiça no homem e encontrou perversidade. Existe uma moralidade na ótica bíblica. Mas em nossos dias (a exemplo dos dias de Isaías), você há de convir que há também (como não poderia deixar de ser, dado o estado corrompido do homem), uma “nova moralidade”, que tenta a todo custo relativizar tudo o que Deus disse. O termo é esse mesmo: “relativizar”.
Que tal olharmos para a nossa época? A relativização dos valores pode ser encontrada em cada instituição, em cada princípio e em cada costume dos nossos dias. A grande luta entre o absoluto e relativo acontece nos mínimos detalhes.
Sempre encontraremos inúmeros questionamentos sérios nos dias atuais, que sofrem esta pressão e que são dignos de exame a partir de uma cosmovisão bíblica – a única que responde satisfatoriamente às perguntas básicas da vida (“O que é o homem e a mulher?”; “O que ambos foram criados para ser e fazer?”; “Como devem viver?”).
A primeira resposta da Bíblia é que o homem não é um animal que vive por instinto. Ele é criatura de Deus e foi feito responsável. Conclusão: há um padrão estabelecido para ser seguido e uma lei que cobra obediência do homem. O propósito é que sejamos justos, disciplinados, controlados, puros, governados por um padrão divino e não pelos nossos desejos corrompidos.
E por que é que o homem age como age? É o modo de Deus que está errado? Por que as pessoas escolhem ser zombadoras? O que há de errado com a demanda de Deus? - Nada! Por isso mesmo, a escolha do homem pela rebelião é contrária à razão; é o avesso do raciocínio lógico. Uvas bravas são uma fraude. O homem sem Deus produz perversão.
Homens estão produzindo o contrário do que deveriam. Mas são indesculpáves, porque Deus sempre enviou Seus profetas para chamá-los ao arrependimento e avisá-los do perigo, caso não se arrependam (e isso em todas as épocas).
O julgamento para aquela geração de Isaías viria (como de fato veio) e sempre virá outra vez para quem quebra a lei do Senhor, rejeita Sua graça e Sua oferta de salvação. E o julgamento consiste, a princípio, em que Deus vá retirar Suas bênçãos, Sua proteção e limites e sua permissão para a felicidade ou o sucesso. Contudo, há conseqüências ainda piores.
E você? Como encara essa parábola da vinha? O que vai fazer da oferta do Deus da Bíblia – a única opção para a salvação do homem perdido em suas tramas antropológicas? Tomara que você tenha sabedoria em suas reflexões e escolhas!
Você encontra a Parábola da Vinha em Isaías 5.1-7

Autora: Irene Costa. Formada em Direito e Educação. É especialista em Teologia Bíblica (pelo Centro de Pós-Graduação Andrew Jumper), Educação à distância, Educação Infanto-juvenil e Missões Transculturais.

segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Pronunciamento do Prof. Hermes Rodrigues Nery em audiência pública sobre o aborto no STF.

Pronunciamento do Prof. Hermes Rodrigues Nery em audiência pública sobre o aborto no STF.

Chegamos ao final da segunda década do século 21, em meio a tantas possibilidades promissoras de melhorias nas condições de vida humana no planeta, com tão ricas potencialidades, e nos deparamos ainda com o principal desafio bioético da atualidade: vencer as forças de poder que não reconhecem que a pujança da vida deve ser abundância para todos, e que nenhum ser humano deve ser impedido do “direito à vida”. Mas o que vemos infelizmente é se agigantar uma “cultura da morte”, especialmente com a agenda do aborto, que obscurece as esperanças de um tempo em que deveríamos solenemente declarar a proteção e a inviolabilidade da vida humana, desde a concepção, porque a vida vale por inteiro, não só para alguns (para os mais fortes) e nem só em alg
umas fases.
AGENDA DO ABORTO ATENTA CONTRA A SOBERANIA NACIONAL E TEM COMO ALVO OS MAIS FRAGILIZADOS DA SOCIEDADE
Sra. Ministra Rosa Weber, relatora da ADPF-442, Sres. Ministros, demais autoridades, participantes dessa audiência pública e demais presentes.
A história é já conhecida por muitos expositores (especialistas que aqui estão hoje). Mas é preciso resumi-la para situarmos melhor a questão do debate que o Supremo Tribunal Federal propõe nesta audiência pública.
Desde 1952, com a fundação do Conselho Populacional, em Williamsburg (EUA), juntamente com a Fundação Ford, nas décadas posteriores, vários demográfos neomalthusianistas propuseram o aborto como meio mais eficaz de controle populacional. É óbvio que o alvo de tal controle são os pobres, os mais fragilizados da sociedade. Aparece aí uma falsa solução: pois aonde dever-se-ia combater as causas da pobreza, opta-se por combater os pobres; um combate entre quem tem poder e quem está debilitado e precisa, portanto, de apoio. Controle este que recorreu inúmeras vezes a soluções eugênicas.
Nesse sentido, desde os anos 50, portanto, iniciativas foram tomadas (investimentos em contraceptivos e fármacos abortivos, na esterilização [voluntária ou forçada], todas estas ações rechaçadas principalmente pelas mulheres. A fabricação e distribuição do DIU, por exemplo, foi um desastre. Muito dinheiro foi investido nisso. Até que foi preciso mudar de estratégia, e promover uma revolução cultural nos costumes, para neutralizar as naturais resistências a uma agenda ideológica que subverteu o original sentido dos direitos humanos para chegar, por exemplo a aceitação da prática do aborto como direito humano. A tal ponto chegamos nessa inversão de valores: quando o direito deveria proteger a vida humana em sua fase mais fragilizada, acaba se voltando contra o ser humano mais inocente e indefeso.
            A Fundação Ford foi explícita e enfática nisso, em seu documento: “Saúde Reprodutiva: uma estratégia para os anos 90”, dizendo que para se chegar ao crescimento zero seria preciso reduzir a natalidade. Com serviços médicos contraceptivos, chegariam a apenas 40 por cento desse objetivo. Mas só com alterações sociais profundas (para motivar as pessoas a não desejarem mais ter filhos) alargariam as chances para o crescimento zero. Daí que além dos médicos treinados por centros especializados para tais fins, a agenda antinatalista contou com o trabalho de cientistas sociais (do controle do comportamento humano, etc.). Daí o laboratório social que muitos países têm sido vítima, para servir tais interesses. Os resultados danosos no cotidiano, de esfacelamento da natural solidariedade, por conta desse laboratório social, pouco importa aos que engendram um admirável mundo novo, numa sociedade cada vez mais atomizada e mais que surreal e inumana. Para isso fazem todas as transgressões, no afã de ultrapassar inclusive a constituição da natureza humana. As próprias fundações internacionais não omitem tais propósitos. “A Fundação Ford pretende combinar sua longa experiência no campo populacional e a experiência de sua equipe em ciências sociais (…) para administrar questões que tem sido até o momento em grande parte o domínio da profissão médica, e irá promover a discussão e a educação sobre a sexualidade humana, em uma abordagem que não pode omitir-se em reconhecer a necessidade de promover o aborto”1.
Nesse sentido, investiram também na criação de inúmeras OnGs feministas (muitas delas, mantidas com recursos externos), com o intuito de disseminar essa agenda, a partir de um novo paradigma de saúde, de direitos humanos, de empoderamento das mulheres, de novos modelos de família, etc., paradigma este que a Fundação Ford quis tornar público para que outras fundações e grupos (Fundação Rockefeller, Fundação McArthur, Open Society, etc.) se somassem nesse processo, com essa estratégia de mutação cultural, tendo em vista a promoção do aborto, em todas as fases. “A imposição de teses, em matéria de sexualidade e de vida humana que esvaziam de sentido o bem da família é uma estratégia política dos grupos de ideologia liberal-radical”2. Um paradigma utilitarista, que exclui categorias sociais do “direito a vida” (primeiro e  principal de todos os direitos humanos), como os bebês no ventre materno, flagelados pelo aborto, e os idosos, com a eutanásia.
            Desse modo, as fundações agiram e influíram, e tomaram mais força principalmente nas conferências internacionais da ONU, especialmente a do Cairo, em 1994, e a de Pequim, em 1995. Ou ainda, em 1996, em Glen Cove, quando ficou decidida uma gradual jurisprudência, em nível internacional, que favorecesse  o aborto. De lá para cá foi se impondo essa agenda nos países membros da ONU e também na América Latina, caracterizando assim explicitamente um atentado a nossa soberania nacional, pois a agenda do aborto vem de fora, é gestada e imposta de fora, por fundações e organismos internacionais que querem empreender um eficaz controle populacional, controle e até mutação do comportamento humano, debilitando assim as nossas instituições, a começar pela família (família constituída por homem e mulher, aberta à vida, duramente atacada e fragilizada por essa “cultura da morte”), impedindo assim o nosso verdadeiro desenvolvimento como nação, pois o que vale para o desenvolvimento de uma nação é o seu “capital humano”,  como destaca Gary Becker, Prêmio Nobel de Economia (1992). E a agenda do aborto leva justamente à “penúria de capital humano”3.
            Dos países da América Latina, havia expectativa por parte das fundações, que o Brasil (já incluído no Relatório Kissinger, de 1974), fosse um dos primeiros a legalizar o aborto. “Para a ONU , a expansão do acesso ao aborto com foco nos países menos desenvolvidos é uma prioridade”4. Mas ocorreu aqui um fato muito importante. No Congresso Nacional todas as proposituras pró-aborto foram rechaçadas com veemência. De modo algum houve omissão do parlamento brasileiro nesta matéria, e nem controvérsia constitucional. Daí a surpresa, para muitos, dessa ADPF 442, pois uma ADPF se justifica juridicamente, quando há uma questão de controvérsia constitucional, o que não houve na questão do aborto. Pelo contrário, a legislação atual permanece como a que foi aprovada pelos constituintes, em 1988 (somente incluído os casos de anencefalia, após a ADPF54) e nunca houve contestação da constitucionalidade. Sobre o tema, mesmo complexo, o debate sempre foi aberto e plural, com várias audiências públicas realizadas. E os parlamentares deram o seu voto pela vida, especialmente no memorável dia 7 de maio de 2008, com 33×0 na Comissão de Seguridade Social e Família. E as pesquisas mostram sempre números expressivos da população contra a legalização do aborto.
Foi então que os promotores do aborto entenderam que (o aborto não passando pelo Legislativo) era preciso judicializar a questão, aproveitando-se de jurisprudências que foram sutilmente abertas no passado recente, para viabilizar a legalização do aborto via judiciária, num processo gradualista, por etapas, que começou com a ADIN 3510, depois com a ADPF-54, o HC 124.306, e agora com a ADPF-442. Ainda durante o julgamento da ADIN 3510, o Ministro Marco Aurélio Mello lembrava que “decidida a matéria, não há órgão judicante capaz de revisá-la”5, daí os promotores da “cultura da morte” terem recorrido à estratégia da judicialização do aborto, para chegar aonde estamos agora, com o STF na iminência de legalizar o aborto até a 12ª semana, por uma brecha aberta pelo ministro Luis Roberto Barroso, no HC 124.306.
            Aliás, já se sabe que antes de assumir a mais alta corte do País, o Ministro Barroso já era um dos notáveis militantes da causa do aborto, tanto que foi quem advogou pela improcedência da ADIn 3510, quando se deu o primeiro passo na instância judiciária para a gradual legalização do aborto. Também atuou na ADPF-54, e protagonizou no HC 124.306 um ativismo pessoal [o que daria suspeição para  a sua deliberação na própria ADPF-442].
Mas há um outro ponto importante a ressaltar. Aonde deve chegar esse gradualismo? Enganam-se os que pensam que irá parar na 12ª semana. Mas, o que é terrível: avançará mais ainda, até chegar [como já ocorre em outros países], ao partial-birth, pois “em todo o mundo, vemos que as leis avançam de precedente em precedente. Libera-se inicialmente para gestações em estágios iniciais (9 ou 12 semanas) e depois a lei vai ganhando amplitude e ficando cada vez mais permissiva. O nascimento parcial, ou partial-birth, ocorre quando o feto é morto pelos aborteiros sem ter saído completamente do corpo da mãe. Ou seja, faz-se um parto normal parcial, retirando uma parte do corpo da criança, para então, com acesso a uma parte do seu corpo, efetuar o procedimento que leva à morte instantânea da criança. […] Em geral, ativistas pró-legalização aqui no Brasil, quando confrontados com essa realidade, fecham seus olhos e ouvidos, dizendo que isso jamais acontecerá aqui. Muitos, obviamente, declaram-se contrários e consideram o nascimento parcial desumano”6. Mas é para essa terrível realidade que a agenda do aborto quer nos levar. “Infelizmente a realidade está aí para mostrar o quão perversa a legalização do aborto pode ser para uma sociedade”7.
Há dez anos, portanto, que tem se intensificado, de todas as formas, em fase mais adiantada da agenda antivida e antifamília (o Congresso Nacional bem como outros legislativos em outras instâncias rechaçaram, por exemplo, a ideologia de gênero nos Planos de Educação, etc.), e então, somente na última instância decisória do País afluíram as forças abortistas para do STF conseguirem impor o que não conseguiram fazer no parlamento brasileiro. Nesse sentido, a judicialização da questão do aborto agudizou ainda mais o crescente ativismo judicial, provocando já reações diversas em vários campos e setores da sociedade, que para salvaguardar as prerrogativas do poder constituinte que pertence originariamente ao povo soberano, não se aceita que venha do poder constituído a última palavra sobre um tema, pois “decidida a matéria, não há órgão judicante capaz de revisá-la”8. Ora, o Supremo Tribunal Federal é poder constituído e não poder constituinte e não pode tirar a prerrogativa constituinte de quem é de direito, que deve ser exercido pelo povo brasileiro. A judicialização da questão do aborto agrava flagrantemente o equilíbrio que deve haver entre os poderes, porque o Judiciário, ao usurpar de suas funções, ao exorbitar de seus poderes, subverte na essência a tripartição dos poderes, e comete assim – do ponto de vista constitucional – um atentando contra a própria Constituição, da qual o STF existe para justamente defendê-la e salvaguardá-la. Judicializar a questão do aborto trata-se portanto de uma violência institucional, não prevista, não autorizada, não justificada, e muito menos amparada por nenhum artigo da Constituição Federal.
            Os maiores constitucionalistas sabem disso, desde “O Federalista” que “a distribuição equilibrada de poderes (…) constituem meios – e meios poderosos”9 para evitar distorções e abusos que possam comprometer assim as próprias formas de governo instituídas pela Constituição Federal. Por isso no Congresso Nacional está tramitando o PL 4754/2016, que estabelece o 6° crime de responsabilidade na Lei 1079/50: o de usurpar a competência do Poder Legislativo ou do Poder Executivo”10.
Sres. Ministros, estive agora, dias atrás, nos Estados Unidos, e conversando com várias lideranças pude constatar um grande movimento que busca revisar os efeitos danosos na sociedade, quando lá o aborto foi legalizado via judiciária, na controversa questão Roe x Wade (1973). Os norte americanos promovem anualmente uma das maiores marchas pro-life do mundo. Assim como em outros países da Europa aonde foi legalizado o aborto, os resultados que temos visto, são terríveis e desumanos, e cada vez mais amplia-se a consciência de que só preservando o capital humano é que se garante um verdadeiro desenvolvimento das nações, e a grave crise econômica e social que hoje a Europa vive, por exemplo, deve-se muito também à inversão da pirâmide populacional (e os melhores demógrafos do mundo sabem disso), como efeito da agenda antifamília e antivida das fundações internacionais. Nesse sentido, peço à Ministra Rosa Weber, como filha de médico, como a terceira mulher a ocupar o cargo máximo da suprema corte do nosso País, como mãe, que apreenda de tudo o que aqui está sendo exposto nesta audiência pública (apesar da maioria dos expositores serem a favor do aborto), para decidir em seu relatório por um voto que esteja a favor da vida e do Brasil.
            Muito obrigado.
Hermes Rodrigues Nery
Presidente da Associação Nacional Pró-Vida e Pró-Família
Notas:
  1. FORD, Fundação:  “Saúde Reprodutiva: uma estratégia para os anos 90”.
  2. CANCIO, José Alfredo Peris, “Direitos Sexuais e Reprodutivos”, Lexicon – Termos ambíguos e discutidos sobre família, vida e questões éticas, p. 255, Pontifício Conselho para a Família, Edições CNBB, 2007.
  3. SCHOOYANS, Michel, Controle dos Nascimentos e Implosão Demográfica, Lexicon – Termos ambíguos e discutidos sobre família, vida e questões éticas, p. 160 Pontifício Conselho para a Família, Edições CNBB, 2007.
  4. DEROSA, Marlon, “O Aborto num mundo hoje: debates e resultados”, Precisamos Falar sobre Aborto: Mitos & Verdades, p.  49, Estudos Nacionais, 2018.
  5. MELLO, Marco Aurélio, Voto na ADIn 3510: http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticianoticiastf/anexo/adi3510ma.pdf
  6. DEROSA, Marlon, “O Aborto num mundo hoje: debates e resultados”, Precisamos Falar sobre Aborto: Mitos & Verdades, PP. 65-66, Estudos Nacionais, 2018.
  7. Ib. p. 66.
  8. MELLO, Marco Aurélio, Voto na ADIn 3510: http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticianoticiastf/anexo/adi3510ma.pdf
  9. HAMILTON, Alexander; MADISON, James; JAY, John, “O Federalista” [https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4097578/mod_resource/content/1/Os%20Classicos%20da%20Politica%20-%20Cole%20-%20Francisco%20C.%20Weffort-195-216.pdf].
  10. PL 4754/2016: http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1443910&filename=PL+4754/2016

quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Jesus foi um refugiado?


Ontem, durante a entrevista do candidato a presidente Jair Bolsonaro no programa Roda Viva, um jornalista afirmou que Jesus foi um refugiado. Ele questionava incoerência do candidato por suas supostas críticas aos refugiados que entram em massa no país. Uma vez que Jair se diz cristão, e sendo Jesus um refugiado, como poderia o candidato menosprezar essas pessoas? Creio que o jornalista se referia ao fato de que Jesus com sua família, por ordem divina, foi ao Egito para escapar da perseguição do rei Herodes contra ele (Mateus 2.13). A despeito da intenção política promovida na entrevista, creio que existem algumas relações dignas de ponderação na identificação proposta pelo jornalista sobre Jesus e os refugiados.


É evidente, nesse sentido, que existe uma co-relação entre os refugiados hoje com fuga de Jesus ainda criança para o Egito. De fato, existem paralelos que devem nos fazer pensar na crise humanitária enfrentada hoje em diversos países, tanto do Oriente como do Ocidente, e as ameaças que levaram Jesus e seus pais a se retirarem para o Egito. Porém, mais do que um debate sobre política internacional, a busca por refúgio é um tema que deve ser considerado sobre todos, seja em sua forma mais evidente ou concreta no cenário mundial, ou em circunstâncias relativas e existenciais de cada um.




O que se deve levar em conta primeiro em tudo isso, é que os paralelos não são exatamente iguais. Quando observamos o cenário internacional nos dias de Jesus em comparação aos nossos dias, nos deparamos com contextos consideravelmente diferentes. A atual conjuntura consiste de nações politicamente organizadas sob governos autônomos. A despeito da paridade entre muitas nações, cada país tem seus limites, leis e reservas quanto a imigração. Nos dias de Jesus, no mundo civilizado, as nações subsistiam sob a autoridade de Roma, no contexto da Pax Romana, e o deslocamento entre os países dentro do Império era livre. A diáspora dos judeus era uma realidade já há muitos séculos, por inúmeros fatores. Portanto, sair da Palestina para outros lugares do Império não consistia necessariamente em um tipo de imigração ilegal, ou uma marcha desesperada como hoje se vê entre as nações. Contudo, apesar deste aspecto histórico, outras circunstâncias observáveis em nosso tema são convergentes em suas similitudes.




Por um lado, se a configuração política internacional de outrora não era a mesma de hoje, podemos observar que por outro prisma que a causa da fuga de Jesus para o Egito é, sob alguns aspectos, semelhante aos motivos que levam milhões de pessoas procurarem refúgio em outras nações nestes últimos tempos. Foi a violência do rei Herodes, o seu desejo de morte ao Messias, que fez com que Jesus precisasse mudar da Palestina para o Egito. A loucura do tirano déspota exterminou milhares de meninos abaixo de até dois anos de idade pelo simples fato de não ter descoberto o domicílio do recém-nascido Rei. Assim também hoje, muitas vidas são ceifadas em países dominados por governantes homicidas. Em países de religião islâmica, conflitos entre etnias que compartilham a mesma fé, e ao mesmo tempo compartilham o ódio uns pelos outros, deixam incontáveis famílias destroçadas. Mais próximos de nós, em nosso continente, países vizinhos regidos por governos regidos por políticas de Esquerda, promovem igualmente a violência e a fome, levando inúmeras famílias a evasão de sua própria pátria. O que está por trás de tudo isso é o pecado da violência, do ódio ao próximo, da força usada contra o mais fraco por amor ao poder. Nesse aspecto, a fuga de Jesus é realmente similar a busca dos refugiados por um lugar seguro em outros países. Todavia, apesar dessa semelhança, há ainda uma notável diferença.




Esses governos que hoje promovem o horror e a necessidade de fuga de seu próprio povo, não têm como alvo uma pessoa específica. É a sandice dos que acreditam que a morte das pessoas que se opõe ao seu poder seja o preço a ser pago para sua perpetuação. O disparate de Herodes também visava sua perpetuação no poder, mas não porque se sentia segura para fazer o que bem lhe parecesse. O rei edomita sabia que um menino nascido naqueles dias seria o Rei de Israel, e que o seu Governo não teria fim. Ele temeu sobremaneira aquela criança. Seu ódio, por causa do destrato dos reis magos, não encontrou nome nem endereço do recém-nascido rei, e por isso muitos pequeninos foram mortos. Por perceber que seu reino tinha seus dias contados, apegou-se ao engodo de que poderia perpetuar-se para sempre com a morte do pequeno Rei. Ledo engano.




A ira de hoje é aleatória, tem causas diversas, e por vezes aparentemente antagônicas. Ao mesmo tempo que regimes políticos erigidos sob a afirmação de que a religião é o ópio do povo, religiosos monoteístas valem-se igualmente de métodos que promovem a morte dentro de sua própria pátria. “Todos iguais, mas uns mais iguais que os outros”. Política e religião se entrelaçam na intenção de fazerem seus nomes célebres ao custo de sangue derramado. Isto é o que está no âmago do êxodo de milhões de pessoas, e que parece que o “mundo civilizado” simplesmente ignora. Discute-se muito a recepção ou não dos refugiados, mas pouco se fala sobre a razão de seu exílio. De maneira hipócrita, alguns defendem que se escancarem as portas das nações para estas em fuga, mas sequer são capazes de condenar os monstros que as expulsaram de seu próprio domicílio. É um cenário catastrófico, onde não se achará lugar seguro para sempre, sem se enfrentar todo o mal responsável por tudo isso. Como desfazer esse caos?




Jesus nos mostra o único caminho seguro para o refúgio dos povos. Sua fuga quando criança para o Egito não foi para evitar a morte, mas para encontrá-la muitos anos depois, em Jerusalém. O rei Herodes não poderia matar o Rei dos reis, pois “sua hora não era chegada”. Era necessário que o Cristo padecesse antes de entrar em sua glória. E esta era sua glória: que ninguém poderia tirar a sua vida, mas ele mesmo voluntariamente a daria. Quando Jesus morreu na cruz, ele matou a Morte. Ao fazer isso, seus agentes, humanos ou demoníacos, foram despojados. Ele, pois, está assentado em seu alto e sublime trono, acima de todo principado e potestade. A Ele foi dada toda autoridade no céu e na terra. Jesus é hoje o refúgio seguro para os refugiados, sejam daqueles que fogem sua pátria para outras, ou daqueles que buscam refúgio em qualquer coisa sem sequer sair do lugar. Pela fé em sua pessoa e obra, todos os povos da terra encontram morada eterna em seu Reino. E ainda, pela fé em sua Palavra que diz que Ele voltará, também um dia serão vingados aqueles que sofreram atrocidades em sua peregrinação por essa terra.




"...porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor". Romanos 12.19   



Autor: Adalberto A. R. Taques - Pastor Presbiteriano em Cuiabá - MT

  Fonte: http://bloghapax.blogspot.com/