Tenho acompanhado o grande estardalhaço que o tal do jogo:
“I am Whale” – ou “Desafio da Baleia Azul” (como ficou conhecido no Brasil) –
tem causado na mídia nacional. Jovens e mais jovens entrando num desafio
bizarro de automutilação, aprisionamento mental e espiritual e, por fim, o
suicídio.
Você já se perguntou o porquê de um número tão grande de
jovens estarem vulneráveis a uma proposta tão absurda como a desse jogo? Já se
perguntou como esses jovens conseguem passar por, pelo menos 49 desafios que
envolvem, tatuarem-se com lâminas, cortarem os lábios, mãos e braços, saírem
pelas madrugadas para lugares perigosos, acessarem substâncias tóxicas, ficarem
dias trancados em seus quartos sem conversar com ninguém, e ainda assim seus
pais não perceberem que havia alguma coisa errada com eles, ao ponto de, no
quinquagésimo desafio, eles atentarem contra a própria vida e, só assim,
chamarem a atenção de seus pais, família e amigos?
É bastante preocupante, não o jogo da baleia azul em si, mas
o distanciamento entre essa juventude e seus pais. Muitos desses jovens têm
acesso rápido e fácil ao Facebook, Snapchat, Twitter, Whatsapp, Instagram,
Skype, Youtube, Google+, Wechat e outras mídias sociais, mas não têm acesso
direto aos pais. A eles é franqueado o acesso a smartphones modernos, tablets e
notebooks de última geração, mas não o ombro amigo, o ouvido preocupado e
disponível; eles não têm acesso fácil a um colo, um olho no olho, um lanche na
esquina, um passeio no parque, uma Escola Bíblica e um Culto a Deus com a
Família. Lhes abrem as janelas para o mundo ao mesmo tempo que lhes fecha a
porta dos relacionamentos familiares diretos. Não há jogo que consiga ser mais
prejudicial que isso. Nesse caso, o suicídio não é uma causa em si, mas um
sintoma de uma vida vazia de sentido, de afeto, e, até mesmo de disciplina,
pois, como diz a Bíblia, pais que amam, disciplinam seus filhos (Hb.12:5-13).
Outra informação aterradora é que o tal do jogo da baleia é
fictício! Uma notícia falsa, um sensacionalismo cibernético. O que torna a
situação ainda pior, pois mostra que esses jovens têm morrido, literalmente por
nada. Essa baleia nada no mar da solidão, desilusão, da falta de bons modelos.
Mares silenciosos e profundos, cheios de um gélido nada existencial. Águas de
ninguém.
E qual a solução para isso? Não vejo outra que não seja uma
volta aos valores familiares que, outrora eram fundamentais e basilares, mas
que, hoje, têm sido desintegrados por uma sociedade centrada em indivíduos,
como se o mundo fosse composto por um monte de indivíduos desligados um do
outro, sem história, sem relacionamentos, como um monte de folhas soltas ao
vento.
É preciso que esvaziemos os tanques onde essa baleia possa
nadar. Um tanque de relacionamentos líquidos, frívolos, utilitaristas,
vampirescos e instáveis.
Precisamos de relacionamentos sólidos, palpáveis, estáveis,
fundamentados em princípios básicos estabelecidos por Deus. Precisamos, nós e
nossos filhos, nos voltarmos para o Deus Criador, de maneira que estejamos
sujeitos completamente à Sua vontade, resistindo às baleias azuis e a todos os
outros engodos desse mundo, e eles fugirão de nós (Tg.4:7), pois não
encontrarão espaço para nadar em um mar governado por Deus.
Alessandro Capelari – Pastor na Igreja Presbiteriana do
Brasil em Maringá PR
Mestrando em Aconselhamento Bíblico pelo Centro de
Pós-Graduação Andrew Jumper - SP
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