segunda-feira, 7 de setembro de 2020

O Perigo da Avareza

 

O pedido que certo homem fez a Jesus para que este o ajudasse num litígio sobre uma herança gerou uma demorada discussão sobre o relacionamento do homem com as riquezas (Lucas 12:13-34). Jesus respondeu com uma pergunta, uma afirmação, uma parábola e um sermão. Jesus perguntou: ”Quem me constituiu juiz ou partidor entre vós?”. Depois advertiu contra a ganância. Depois ainda contou a parábola do homem que só se preocupava em armazenar todas as suas mercadorias e não era rico em relação a Deus. Depois pregou a respeito da preocupação excessiva pelos bens materiais. 

As lições que Jesus dá acerca das riquezas devem ser aplicadas a cada um de nós. Os bens materiais muitas vezes tomam conta de nossa vida e de nosso pensamento. O desejo pelas coisas nos leva a dedicar tempo demais e trabalho demais para comprar a prestação sem podermos pagar e para murmurar, reclamando que não podemos ter tudo o que queremos. Jesus disse: “Onde está o vosso tesouro,aí estará também o vosso coração”. É tão fácil ficarmos presos a esta vida. Somos capazes de dedicar tanto tempo, atenção e esforço pelo nosso bem-estar material que não temos tempo ou ânimo de sobra para nos dedicar a Deus. 

Poucas pessoas se admitem ser gananciosas ou invejosas. Mas a Bíblia nos adverte constantemente contra esses pecados. Se o nosso coração está preso a esta vida, somos idólatras, independentemente de quão alto cantemos o nosso amor por Jesus. “Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza; porque a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui” (Lucas 12:15).

http://www.estudosdabiblia.net/2003420.htm

Uma ética para a vida

A propósito da nomeação do pastor Presbiteriano Rev. Milton Ribeiro para o Ministério da Educação, ouvi, com certa admiração, muitas pessoas comentarem: “Isso é bom porque a Igreja Presbiteriana é muito ética”. Minha admiração se deu por duas razões: a primeira é que, não só os Presbiterianos, mas todos os evangélicos deveriam ser éticos; a segunda é que a ética não pode ser uma particularidade de um grupo religioso, mas de toda a nação. No primeiro caso, se isso não tem acontecido é porque muitos evangélicos têm trocado a ética pelos resultados pragmáticos e mercadológicos da fé; no segundo caso, pelo fato da nação não querer abrir mão da nefanda ética de que “os fins justificam os meios”.

Vamos pensar em ética nesse artigo como sendo a área do conhecimento que investiga as ações e os relacionamentos humanos, gerando costumes e comportamento moral. Uma questão muito debatida na filosofia é a distinção entre moral e ética. Já que nosso espaço não permite essa abordagem, vamos apenas ressaltar o fato de que, embora haja distinção entre as duas realidades, elas se complementam. Como alguns têm asseverado (Norman Geisler, por exemplo), a moral e o caráter são decorrentes da ética assumida.

Fala-se em ética comercial (onde um não destrata o ramo do concorrente), ética política (em que se busca o bem comum e não os interesses pessoais ou partidários), ética religiosa (onde o proselitismo é negado e combatido), ética social (padrões de conduta assumidos pela comunidade) e assim por diante. E há, também, a chamada ética cristã – cujos valores são fundamentados por Jesus e baseadas na Palavra de Deus. Ela regula as particularidades das éticas descritas acima e se sobrepõe a elas pelo fato de serem imutáveis e normativas. Na prática, isso quer dizer que ela regulamenta o relacionamento do homem com o seu próximo, com o Criador, com a natureza e consigo mesmo. Portanto, há uma ética para o sexo, para a vida, para o trabalho, economia e finanças e para todas as atividades humanas. Não são várias, mas apenas uma que regulamenta os múltiplos aspectos do ser humano.

Uma questão essencial, porém, é a observação de que a ética, por mais que seja boa e relevante, não pode produzir fé ou méritos diante de Deus. Isso é importante porque muitas vezes as pessoas são dirigidas pela “meritocracia”, ou seja, o fato de pensar que sendo boas cidadãs e caridosas receberão automaticamente a devolução de Deus como um benefício de recompensa pessoal. Claro que o Evangelho é pautado por uma ética (o sermão do monte em MT 5-7 mostra isso), mas a vida cristã está muito além apenas do cumprimento da lei moral. Vida cristã diz respeito à mudança de vida pelo arrependimento e fé, comunhão com Deus e vida dedicada a Ele em consagração. Esse é o ponto de partida para que a vida não se perca na ética dissoluta de que “tudo é permitido” ou de que “não existe pecado do lado de baixo do Equador”.

Para concluir, quero deixar registrado de que dia 12 de Agosto a Igreja Presbiteriana do Brasil comemorou 161 anos de presença em terras brasileiras. Meu desejo é que ela seja não apenas uma Igreja ética, mas também bíblica, servidora, missionária e totalmente útil ao Deus que a criou.

Deus possa abençoar a todos.




Rev. Onildo de Moraes Rezende

(Pastor da Igreja Presbiteriana de Jales, Bacharel em Teologia, Licenciado em Pedagogia, Pós-Graduado em Docência Universitária, Mestre em Aconselhamento)